sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Cada macaco na sua tela

Por Leo Cunha

Quem se encanta e se impressiona com as proezas do chimpanzé Xico, na novela Caras e Bocas, não pode deixar de conhecer o macaco que divide com Buster Keaton as melhores cenas da comédia The Cameraman.



No filme de Keaton, lançado em 1928, o macaquinho vestido de marinheiro faz até chover... balas de metralhadora.

Em outro aspecto esta comédia muda e o divertido folhetim das 7 se assemelham: tanto Keaton quanto Walcyr foram acusados de carrascos dos símios. As sociedades protetoras dos animais (exageradamente, na minha opinião) criaram caso e reclamaram de maus tratos. Só rindo.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Música das imagens

por Marcelo Miranda

No embalo do trecho de O Portal do Paraíso no post abaixo, seguem quatro cenas de dois cineastas que congregam o completo maravilhamento da encenação ao uso da música como catalisadora dos sentimentos transmitidos pelas imagens.

Três Homens em Conflito (1966), de Sergio Leone



Era uma Vez no Oeste (1968), de Sergio Leone



Fogo contra Fogo (1995), de Michael Mann



O Último dos Moicanos (1992), de Michael Mann

terça-feira, 25 de agosto de 2009

A valsa do paraíso

por Marcelo Miranda

A cena abaixo é de um dos filmes de maior fracasso na história do cinema americano.



O Portal do Paraíso (1980), de Michael Cimino

Azar de quem não viu ou não gostou.

PS: O vídeo é longo (quase dez minutos). Vale cada instante, especialmente os últimos três minutos.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Sessão Trailer 2 - O "filho" de Werner Herzog e David Lynch



My Son, My Son, What Have Ye Done
Direção de Werner Herzog e produção da David Lynch

Sessão Trailer 1 - Homenagem à Playarte



Halloween 2, de Rob Zombie

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Hector Babenco no Canal Brasil



por Marcelo Miranda

"Isso eu já respondi. Vamos em frente, vamos em frente!". O brado de Hector Babenco ao repórter ao telefone diz muito da personalidade deste cineasta marcado pela inquietação. Aos 63 anos de idade e com nove longas-metragens no currículo - realizados ao longo de quase 35 anos de carreira como diretor -, Babenco ganha no Canal Brasil, de hoje (terça) até o dia 28, retrospectiva de sua obra, com exceção de um filme.

"Essa revisão é uma coisa muito forte", define ele. "Há três décadas me recuso a vender os direitos dos meus filmes para passar na televisão, porque recebia propostas aviltantes de valor e horário de exibição." Quando finalmente fechou negociação com o Canal Brasil, Babenco se sentiu tranquilo. "A proposta era muito boa e valorizava cada um dos filmes", diz. Apenas um único título ficou de fora - Ironweed (1987), com Jack Nicholson e Meryl Streep, não pode ser exibido pelo fato de Babenco não deter os direitos sobre ele.

Mas, de resto, está tudo lá. Da estreia na ficção com o semibiográfico O Rei da Noite (1975) à adaptação do best seller romântico O Passado (2007), a mostra permite acompanhar a evolução de um realizador que se divide entre questões de cunho sócio-político, caso dos fortíssimos Pixote - A Lei do Mais Fraco (1980), O Beijo da Mulher-Aranha (1985) e Lúcio Flávio, Passageiro da Agonia (1977 - foto acima), numa trinca que consagrou o diretor, inclusive com vitórias e indicações no Oscar; e angústias existenciais ou de ordem afetiva, como a delicadeza que permeia Coração Iluminado (1998) e O Passado. Mesmo em épicos como Brincando nos Campos do Senhor (1991) e Carandiru (2003), Babenco se permite olhar o ser humano - e suas idiossincrasias - dentro dos universos retratados, sejam as matas da Amazônia, seja o interior de opressivas celas.

Em graus de qualidade mais ou menos significativos, cada um destes filmes tem como característica maior a coragem de se arriscar, a ânsia por provocar conflitos nem sempre muito tangíveis. Babenco não pode ser enquadrado em nenhum movimento radiografado no cinema brasileiro, nem muito menos um cineasta "estrangeiro", como tanta gente aponta. "Fiz alguns trabalhos com capital internacional, mas sempre filmei no Brasil, trouxe as produções pra cá", afirma Babenco, categórico.

Nascido na Argentina, ele morou na Itália (onde trabalhou de figurante, inclusive em filmes do italiano Sergio Corbucci) e se mudou para o Brasil em 1969. Aqui, naturalizou-se em 1977 e não arredou pé. "Não sou um estrangeiro neste país."

Confira a programação da mostra no Canal Brasil aqui.

"Tempos de Paz", de Daniel Filho



por Marcelo Miranda

Daniel Filho vem tentando a média de um filme por ano, sempre variando entre um trabalho "sério" e um trabalho cômico. Este 2009 vai marcar a chegada de duas produções sob sua direção - obviamente uma comédia (Se Eu Fosse Você 2) e um drama, Tempos de Paz.

Talvez para dar credibilidade a si mesmo enquanto artista criador, Daniel leva ao pé da letra a noção de que deve entregar um filme "sério". Tempos de Paz, fora alguns momentos de humor proporcionados pelo choque cultural entre os dois protagonistas, busca a cada fotograma soar importante, relevante e admirável, numa clara tentativa do cineasta de se garantir perante aqueles que apontam e fazem joça de seu jeito atabalhoado de dirigir.

Aqui, estamos no território da recriação teatral. A matéria-prima do filme - a peça Novas Diretrizes em Tempos de Paz, de Bosco Brasil - é sentida logo nos primeiros minutos. O que se verá é o embate solitário entre dois homens: um oficial de controle de imigrantes no Brasil imediatamente pós-Segunda Guerra Mundial (Tony Ramos) e um ator polonês que vem tentar ganhar a vida no país (Dan Stulbach).

Cada um tem motivos particulares para vencer um ao outro, num conflito que toma praticamente todo o tempo da sucinta projeção (80 minutos). O filme consiste basicamente no que poderíamos chamar de "duelo de interpretações", em que Ramos e Stulbach parecem disputar quem é o mais expressivo diante dos papéis que defendem (alguém poderia falar em qual seria o mais afetado, e isso vai depender de como se olha para a interpretação de cada ator).

Na ânsia por se manter fiel à peça, Daniel Filho deixa que a ação ocorra em praticamente um único cenário. É então que são percebidas suas limitações como encenador de cinema. A câmera parece pouco à vontade para transitar naquele espaço pré-definido, o que faz com que o filme recorra menos ao uso da cenografia como fator de expressividade do que à montagem de plano e contraplano como diluição da narrativa.

O galpão onde ocorre o drama, com todas as potencialidades espaciais, serve, para o cinema de Daniel, como uma sala de jantar ou café da manhã serviria a um diálogo de telenovela também sob sua direção - o que, com o passar dos minutos, tende a tornar a experiência de ver o filme em algo aborrecido. Se Tempos de Paz ainda consegue prender a atenção, muito se deve ao texto poderoso de Bosco Brasil, com suas questões políticas, históricas, afetivas e artísticas, em meio àquela tensão claustrofóbica prestes a explodir.

O grande mote da peça, ao fim, é a exaltação da figura do ator e da força e importância de sua representação - o que Daniel Filho, aparentemente consciente das próprias limitações expressivas, transforma em "homenagem", nos letreiros finais, a vários emigrantes que fugiram do nazismo rumo ao Brasil. Como tributo, é lindo e de chorar; como cinema (o que deveria importar), nada consegue transmitir.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

"Moscou" segue em debate

por Marcelo Miranda

Na verdade, o título do post tem uma incorreção. Não é que Moscou continua sendo debatido. É o debate sobre o que se fala de Moscou que tomou a frente. Além de uma segunda parte do pensamento de Jean-Claude Bernardet sobre o filme (no post "Moscou ", aqui), o cinético Francis Vogner publicou extenso artigo refletindo sobre o que disseram Eduardo Escorel e Bernardet a respeito do filme de Eduardo Coutinho (como apontado alguns posts abaixo). É, como de praxe em Francis, um apanhado de colocações combativas e questionadoras, que problematizam as problematizações já levantadas. Um ótimo adendo ao debate que se configurou numa ferrenha troca de ideias em comunidades virtuais web afora.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Jeanne Moreau: um rosto para uma música

por Marcelo Miranda

Jeanne Moreau caminha pelas ruas de Paris, em busca do amado desaparecido, ao som de Miles Davis. Ou, simplesmente: como um rosto é capaz de emoldurar uma música.



A cena é de Ascensor para o Cadafalso (1958), primeiro longa-metragem de Louis Malle. O filme integra a mostra "O Jazz no Cinema", em cartaz até o dia 20 no Cine Humberto Mauro, em Belo Horizonte. Está sendo exibido em inestimável 35mm.

Saiba mais sobre este e outros filmes da mostra nesta matéria que eu mesmo fiz.

domingo, 9 de agosto de 2009

"Moscou" não é unanimidade



por Marcelo Miranda

Eduardo Coutinho se tornou um patrimônio do cinema brasileiro, e isso é muito bom e justo. Mas, por outro lado, o endeusamento pode criar um mito em torno de qualquer coisa que o realizador faça. A estreia de Moscou na última semana e as reações que começaram a pipocar a respeito do filme mostraram que, sob alguns aspectos, a crítica brasileira se dá o direito e a coragem de externar opiniões contrárias a um suposto senso comum.

Em resumo: vários críticos não gostaram de Moscou e apontaram seu desapontamento em textos que, concorde-se ou não, levantam ideias e argumentos a partir da obra de Coutinho, e não a partir da figura dele como homem ou artista. É um exercício muito saudável, que apenas traz ganhos à reflexão e, inclusive, é positivo ao cineasta e à obra.

Eu, particularmente, gosto de Moscou, mas não me incomodo em nada ao ler artigos negativos respeitosos e preocupados em pensá-lo ou entendê-lo, como o de Jean-Claude Bernardet, ou mesmo expondo a própria incapacidade de se chegar ao filme, caso de Carlos Alberto Mattos, e ainda um olhar francamente positivo em cima de um "fracasso", como fala Kleber Mendonça Filho.

A primeira manifestação com um quê de problematização veio de Cléber Eduardo, quando o filme foi exibido no começo do ano, no É Tudo Verdade, em São Paulo. O recente estopim, porém, veio do artigo de Eduardo Escorel na revista piauí do mês de agosto. Intitulado "Coutinho não sabe o que fazer", o texto aborda o filme a partir de um provável desinteresse surgido durante as filmagens que geraram os fragmentos de Moscou. Com exceção de um parágrafo em que Escorel parece desconsiderar o fato de alguém simplesmente gostar do filme, independente de "condescendência" ou "veneração" - assim como ele próprio tem todo o direito de não gostar e defender seus pontos de vista -, a crítica é muito boa.

ATUALIZAÇÃO: o site da piauí liberou acesso ao artigo do Eduardo Escorel. Clique aqui.

A discussão, portanto, está aberta, e para todos os lados. Quem poderia imaginar que o gênio de Coutinho, cuja obra é uma rara unanimidade dentre todos nós, pudesse protagonizar um embate como esse?

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Edição 29

No ar edição 29 da Filmes Polvo com os textos:


Story Line: Comédia à francesa – parte 2: Os Tios Bons de Pistola
Jean, um brasileiro

Cinetoscópio: A Mãe e a Puta (La Maman et la Putain), de Jean Eustache
Jean Rouch e o olhar sobre o outro

Fora de Quadro: Denys Arcand, o Velho do Restelo quebequense e os documentários finais: Québec: Duplessis et aprés..., La lutte des travailleurs d´hôpitaux e Le confort et l´indiferrénce
A Partida: reflexões sobre o melodrama a partir de um cellodrama
La Teta Asustada/Fausta: força e delicadeza diante de pacto intercultural

Plano Sequência: Apenas o fim

Raccord: Crônica de Um Verão

Corte Seco: Brian De Palma e a Arte de Manipular: 24 mentiras por segundo – parte2

Contra-Plongée: O brilhantismo da simplicidade


Apareçam!

Equipe Filmes Polvo

sábado, 1 de agosto de 2009

"Halloween": fim de jogo

por Marcelo Miranda



Pelo jeito, não tem saída. O incansável Renato Silveira conseguiu retorno da assessoria de imprensa da Playarte. A distribuidora não pretende se pronunciar sobre o assunto dos cortes feitos em Halloween - O Início para reclassificação etária. Ou seja: a empresa prefere queimar o próprio nome no mercado, colocar em dúvida a credibilidade de sua própria diretoria comercial (como relatado em posts abaixo) e seguir enganando o público que garante a sua existência, em vez de dar um mínimo de satisfação e demonstração de respeito com esse mesmo público. Ok, então.

Enquanto isso, jornais de vídeos já anunciam o lançamento do filme de Rob Zombie em DVD, via a mesma Playarte. E qual é o destaque dos anúncios? Uma grande marca d'água chamando atenção para o fato de que o filme poderá ser visto com "cenas não exibidas nos cinemas". Confira aqui.

No fim das contas, a Playarte mutila o filme, não avisa a ninguém nem comenta o procedimento e depois tenta ganhar mais uns trocados transformando os cortes que ela mesma fez em cenas "inéditas" para consumo doméstico. Isso deve valer muito a pena, financeiramente - porque, fora o dinheiro, não resta mais nada, nem mesmo o respeito. E isso é bastante triste.