por Marcelo Miranda
Já chegou às bancas a versão ressuscitada da revista Set. Depois de anunciar seu cancelamento em abril e ficar sem circular em maio, eis que uma nova equipe dá vida à mais antiga publicação sobre cinema nas bancas brasileiras (para o bem ou para o mal). Numa primeira folheada, não senti tantas mudanças visuais ou editoriais como foi anunciado, segundo discurso dos novos editores. Saíram algumas sessões horríveis, como a de música e a de brinquedos e afins, o que já é um ganho imenso.
A pauta, porém, segue a mesma: grandes matérias de grandes blockbusters (com direito a infinitas 12 páginas a O Exterminador do Futuro - A Salvação, que obviamente estampa a capa), perfis de astros do momento (Julia Roberts e Clive Owen), lançamentos em cinema, DVD e novas tecnologias e algumas sessões meio despropositadas, como a votação via Orkut dos "piores filmes da década" (esse tipo de "escolha" era algo irritantemente comum na antiga revista; tomara que não se perpetue).
Por outro lado, os textos (em especial da seção de lançamentos) estão bem melhores, sem as terríveis piadinhas e os trocadilhos da turma de antes. Os nomes dos resenhistas também tiveram uma saudável rotatividade (ainda que Alfredo Sternheim faça falta), e agora há colunas que discutem assuntos específicos, como bilheteria e marketing. Tem ainda um bom perfil do Rui Ricardo Diaz, que interpreta o presidente Lula na biografia dirigida por Fábio Barreto que estreia no ano que vem.
Ainda é bastante cedo para ter plena noção do que será a Set daqui em diante. Fato é que, para o mercado editorial, é saudável que a revista siga existindo. Quanto ao conteúdo, só penso o seguinte: pouca reflexão e muita informação podem fazer do leitor um bobão. (mais sobre esse assunto no belo comentário de Sérgio Alpendre aqui).
A equipe responsável pela nova Set é composta por Mario Marques (publisher) e Carlos Helí de Almeida, Marco Antonio Barbosa, Nelson Gobbi e Robert Halfoun (editores), Luiz Noronha, Pedro Butcher, Rodrigo Fonseca e Marcelo Cajueiro (colunistas).
12 comentários:
Só acho q cabia mais espaço pro cinema brasileiro. Estamos fartos de tanto blockbusters!
Oi, Alê. Acho que, mais que isso, é preciso ver que tipo de cinema brasileiro se vai falar. Blockbuster por blockbuster, temos os nossos. Esse espaço pro cinema brasileiro precisa, portanto, também ser objeto de reflexão!
Estou bem curioso pra conferir a nova SET. Ainda não chegou aqui. Como é que estão essas colunas? Os caras falam de que?
Ailton, nessa edição tem Pedro Butcher falando de como as comédias têm liderado as bilheterias do cinema brasileiro; Marcelo Cajueiro (correspondente da "Variety" no país) falando sobre financiamento público para os filmes feitos aqui; e Luiz Noronha (que é sócio da Conspiração, o que achei estranho) falando de como os blockbusters americanos deste ano espalharam campanhas virtuais pra atingir todo tipo de espectador.
O assunto "dinheiro" parece que comanda nessas colunas, hein.
O Sadovski é um cara muito engraçado.
Decepcionante essa primeira edição pós-Sadovski. É só mais do mesmo. Era difícil eles mudarem tudo de um mês para o outro. Vamos ver como vai ficar daqui pra frente.
também achei decepcionante. e adorei a rima que encerra o seu penúltimo parágrafo. Bela homenagem a O Iluminado.
Quando a Set surgiu - e me lembro que o primeiro número tinha o Rourke na capa - fiquei felicíssimo e comecei a colecionar. Mas duas dezenas depois abandonei-a definitivamente. Achava que não tinha a ver com o que procurava e gostava no cinema. Já a paixão pena contemporânea Cinemin foi fulminante e a persegui até o final - e adorei até o final.
Abs
O que eu não gostava da Cinemin era do tamanho. Não curto revistas muito grandonas. Como não gosto do formato da Rolling Stone, fácil demais de amassar. Mas a Cinemin era ótima mesmo. Devia ter aproveitado mais no pouco tempo que ela esteve viva durante o início de minha cinefilia.
Ailton
Eu também gostava da Cinemin
A última Cinemin que comprei foi uma que trazia a Cláudia Raia na capa, por ocasião do lançamento de KUARUP, de Rui Guerra, filme que aliás eu tenho saudade até hoje...
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