domingo, 28 de novembro de 2010

Festival de Brasília: "Contagem", de Gabriel Martins e Maurílio Martins



por Marcelo Miranda


"A gente vê muito cinema que parece vídeo, mas deve ser a primeira vez que eu vejo um vídeo que parece cinema". As palavras, ditas em tom empolgado e olhos brilhando, são de Carlos Reichenbach.

O veterano diretor paulista, homenageado no 43º Festival de Brasília, ficou encantado com o curta-metragem mineiro de ficção "Contagem", de Gabriel Martins e Maurílio Martins, exibido na noite de quinta-feira. Tanto que, durante toda a manhã de ontem, Carlão (apelido pelo qual é conhecido) se propôs a apresentar a dupla de realizadores a curadores de festivais de outros países. Devidamente munidos de DVDs contendo o filme, Gabriel e Maurílio conversaram com representantes de filmes brasileiros na França - o que pode render algum convite.

Nada mal para um projeto absolutamente independente, feito como trabalho de conclusão de um curso de cinema. A dupla financiou, do próprio bolso, os R$ 2 mil gastos nas filmagens, realizadas na periferia de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. Selecionados para a competição de curtas de Brasília, precisaram pagar R$ 4 mil para o transfer do vídeo digital para película, formato exigido no festival. O dinheiro também veio por conta deles. "Estamos no cheque especial, mas muito felizes", exaltou Gabriel Martins, nitidamente emocionado e choroso, no palco do Cine Brasília.

Acompanhados do ator Leo Pyrata e do produtor André Novais (autor de "Fantasmas", exibido em Tiradentes e um dos curtas mais originais já feitos no país nos últimos anos), Gabriel e Maurílio celebraram o fato de estarem no mesmo evento que consagrou ídolos de ambos, como Julio Bressane, Rogério Sganzerla e o próprio Reichenbach. "Nem tem como expressar o que significa para a gente estarmos aqui hoje", disse Gabriel.

Recentemente, o grupo fundou a produtora Filmes de Plástico, no intuito de fazerem filmes de invenção dentro do esquema guerrilheiro que marcou "Contagem". Outros projetos já estão em andamento, incluindo um longa-metragem. Ironicamente, eles têm tido dificuldade de conseguir editais que banquem filmes baratos. "Com R$ 100 mil, a gente faz o nosso longa. Mas não tem edital de longa para isso! Só de curta e média. Não dá para entender", lamenta Maurílio.

*Originalmente publicado em O TEMPO no dia 27.11.2010

2 comentários:

Vivi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ucha disse...

Parabéns meninos! Estou muito orgulhosa de vocês e feliz de fazer parte de alguma maneira desse lugar de onde tem saído tanta inspiração e talento...sucesso!