segunda-feira, 25 de maio de 2009

O bom velhinho


por Marcelo Miranda

Se Alain Resnais tivesse ganhado, no domingo o Oscar, talvez o Ciclo Alain Resnais, que acontece em Belo Horizonte desde o último dia 13 de maio e segue até 3 de junho, estivesse cheio hoje. Mas como levou troféu excepcional no Festival de Cannes, apenas cinéfilos antenados talvez tenham a noção do que algo assim representa (por mais de "consolação" que ele tenha sido, é inegável que a mera existência de um troféu "inventado" para Resnais denota a sua força enquanto artista de importância fundamental que mexe com a sensibilidade de quem toma contato com seus trabalhos).

De qualquer forma, a sessão de horário nobre desta segunda-feira da mostra no Cine Humberto Mauro (Stavisky, às 21h) estava vazia, com apenas uns seis gatos-pingados a assistir à melancólica trajetória do arrivista sacanamente interpretado por Jean-Paul Belmondo. A coordenadora em exercício da sala, Maria Chiaretti, já havia me alertado há alguns dias para a baixa frequência de espectadores aos filmes de Resnais. Isso porque são todas obras restauradas, em 35mm, de filmes seminais, indo de alguns curtas raros, passando pelas revoluções de Hiroshima, Mon Amour e O Ano Passado em Marienbad e chegando ao mais recente (em circuito comercial) Medos Privados em Lugares Públicos. Onde estão as cabeças assíduas do Cine Humberto Mauro?

Se você está em Belo Horizonte (ou próximo da cidade), não deixe de comparecer. A programação completa dos dias restantes pode ser lida aqui. Encare, no mínimo, como preparação para o novo longa do mestre, que saiu do Festival de Cannes laureado por muita gente importante como o melhor filme do evento. Para um vovô de 87 anos que parece estar regredindo no quesito idade (um Manoel de Oliveira francês?), não é, nem de longe, pouca coisa.

PS: a foto acima é clique do crítico Kleber Mendonça Filho, durante coletiva de Resnais em Cannes, na semana passada.

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