sexta-feira, 29 de maio de 2009

Leconte, o mais lynchado da França

Por Leo Cunha







Patrice Leconte é o cineasta mais linchado pela crítica francesa (ao lado, talvez, de Luc Besson). Desde a década de 90, seus barracos com os críticos se espalharam pelos jornais, revistas e tevês. Não lhe perdoam, entre outras coisas, o fato de passear da comédia mais escrachada, como a série Os bronzeados, até o drama mais denso, de A garota na ponte, passando pela ironia mais fina, de Ridicule.

Com o perdão do trocadilho infame, apresento aqui um trecho de A garota da ponte (1999) em que Leconte, talvez cansado de tanto linchamento, faz sua seqüência mais lynchada. Música de Badalamenti, simbologias, uma anã ao fundo. Os detratores de Leconte têm vida fácil!

Prefiro me ater às muitas belezas da cena. Além de Vanessa Paradis, a voz de Mariane Faithful, a edição, os movimentos de câmera, e, acima de tudo, Daniel Auteuil, sempre infalível. Eu disse infalível?

Em minha opinião, a cena do ensaio (segundo clipe) é uma das melhores cenas de sexo (metafórica, claro) dos últimos 10 anos.

11 comentários:

Marcelo Miranda disse...

De fato, as duas cenas são impressionantes. E bem lynchianas, mas com um toque próprio. O filme é todo nesse tom, Leo? Existe como achá-lo no Brasil? Ah, e sobre a crítica francesa cair de pau, acho que o Claude Lelouch também poderia entrar na sua lista...

Leo Cunha disse...

Bem lembrado, o Lelouch.
Mas na verdade a lista de renegados pela critica francesa é imensa! Eu só peguei o Leconte pra fazer o trocadilho infame com o Lynch.

Olha, Marcelo, eu gosto bastante do filme, mas acho que estas duas são provavelmente as duas melhores cenas, ao lado da seqüência inicial, que é maravilhosa. Só por estas 3 cenas, já valeria o filme, com certeza.

Não sei se existe o DVD no Brasil. Eu assisti o filme no Usina, há muitos anos, e desde então não esqueci destas cenas.

Agora que o filme está comemorando 10 anos, resolvi fazer uma pequena homenagem.

Marcelo Miranda disse...

Leo, tem o filme em VHS na Videomania, aqui em BH. O Carlos Quintão atentou que, nos cinemas, ele passou como A MULHER E O ATIRADOR DE FACAS, mas no VHS ele está como A GAROTA DA PONTE mesmo.

Leo Cunha disse...

Eu me lembro que, quando estreou no cinema, teve confusão com um curta brasileiro (com Ney Latorraca e Carla Camurati) que se chama "A mulher DO atirador de facas). Deve ser por isso que resolveram retomar o título mais próximo do original. Na verdade, nenhum dos dois títulos é muito bom, nem mesmo o título francês.

RENATO SILVEIRA disse...

Do Leconte eu gostei bem de "Meu Melhor Amigo". É praticamente uma versão sóbria de "Eu Te Amo, Cara" (ou este é uma versão Apatow do filme do Leconte, acho que soa melhor, não?). Tenho que ver esse que você citou, parece ser bem bom mesmo.

[]s!

Leo Cunha disse...

Muito bem lembrado, Renato. Eu gostei muito do "Eu te amo, cara" e nem me toquei da semelhança com o "Meu melhor amigo".
A princípio os dois filmes (Meu melhor amigo e A menina na ponte) são completamente diferentes, mas além do diretor e do ator, tem outra coisa em comum, que é o "odd couple" central. No primeiro, é um duo cômico, no segundo, um duo trágico.
A diferença enorme de registros entre estes (e outros) filmes do Leconte é justamente uma das coisas que a crítica francesa não saca no Leconte, acham que ele atira pra todo lado. E atira mesmo, mas isso não é necessariamente ruim.
Meu favorito dele continua sendo "O marido da cabeleireira", que eu gostei tanto que tenho até medo de rever.

Flavia Oliveira disse...

Oi, prof, saudades.
Lembro que você indicou esse filme e eu gostei mas não muito, achei desigual. Preferi O marido da cabelereira.
Parabens pelo blog e o site.

Leo Cunha disse...

Oi, Flávia,
VocÊ tem razão, o filme é desigual mesmo. Começa em tom cru, quase documental, na primeira sequencia, depois passa para uma estilização grande, com referências visuais e temáticas ao David Lynch, como postei acima, e também ao Fellini e outros.
Minha leitura é de que esta mudança de tom é proposital e oportuna, saindo da realidade para um registro meio de fábula, ou conto de fada.
E o final do filme também não me pareceu dos mais inspirados.
Mas como falei com o Marcelo, aí em cima, só essas 2 cenas e algumas outras já valeria o ingresso (ou agora a locação).

Adilson Marcelino disse...

Pois eu gosto muito do cinema de Leconte, e O Marida foi um marco para toda uma geração de cinéfilos.
Abs

Leo Cunha disse...

Concordo, Adilson.
Lembro que quando "O marido da cabeleireira" passou no Belas Artes, coisa de 20 anos atrás, eu assisti umas 3 vezes em duas semanas, e fiz propaganda pra todo mundo.
O Jean Rochefort está um assombro naquele filme.

Vlademir disse...

La Fille sur le pont vi no cinema em Porto Alegre, num lançamento um pouco atrasado (acho que foi em 2001). Mas o meu favorito do Lecont é o Monsieur Hire, que no Brasil ganhou um título ainda mais bizarro: "Um Homem Meio Esquisito" (!)