segunda-feira, 18 de maio de 2009

O terror do essencial



por Marcelo Miranda

Os Estranhos, filme pouco comentado quando exibido nos cinemas brasileiros há alguns meses, está em DVD nas locadoras. É um típico exemplo do terror que nasce dos mais básicos recursos de linguagem (som, imagem e montagem) e consegue o incrível resultado de fazer qualquer espectador sentar na ponta da cadeira, ou apertar o cobertor, ou simplesmente não piscar.

E o melhor: filme completamente destituído de psicologismos, explicações supérfluas, traumas do passado e afins. O que importa, aqui, é provocar medo. O diretor Bryan Bertino consegue, graças ao controle total dos atores, do espaço e dos atores no espaço. Na verdade, se há alguma coisa que o suspense parece representar para além do medo puro e simples é a materialização do fim de uma relação (e talvez seu provável reatamento). Bertino nos oferece tudo isso num primor de contenção narrativa (único equivalente recente que me vem agora na cabeça nessa questão da contenção é Marcas da Violência, de David Cronenberg).

Seguem duas rápidas cenas do filme, que crescem assombrosamente se vistas dentro do contexto e com o scope original. Uma - excelente uso do plano longo para estender a tensão - precisa ser vista clicando aqui. A outra, momento de maior adrenalina, está logo abaixo.


3 comentários:

RENATO SILVEIRA disse...

Marcelão, não curti muito "Os Estranhos"... Começa muito bem, segue tenso, mas eu saí totalmente do filme lá pela trigésima pancada na porta. Foi chegando ao final e eu já estava achando o filme uma puta pretensão do diretor, com aquele negócio de filmar folhinha caindo de árvore, aquelas tomadas vazias... Tipo tentando ser "de arte". Não comprei. Um amigo lá da rádio gostou pra caralho e me citou um monte de referências a outros clássicos do horror que ele percebeu no filme. Talvez numa revisão e tendo isso em mente eu curta mais, quem sabe.

[]s!

Murilo disse...

Gosto muito do filme, e confesso que foi o último que me lembro que provocou essa sensação física de medo dentro do cinema. Acho que um dos planos memoráveis do filme é aquele em que Liv Tyler está na cozinha, e no contra-plano vemos um mascarado parado como uma estátua, na porta de entrada. E aí Bertino usou bem uma das características que acho fundamental na indução ao suspense/horror: a distância.

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Parabéns pelo blog, está sensacional.

Marcelo Miranda disse...

Murilo, esse plano é o meu favorito, e é ele que está linkado aí no post (no primeiro link, não o que está realmente postado como vídeo). Simples, direto, sem firula, é um plano que trabalha bem o suspense, o formato scope e essa coisa da distância que você bem apontou. Valeu e volte (e escreva) sempre!