por Marcelo Miranda
Impressões brevíssimas de O Bem Amado, novo filme de Guel Arraes, exibido na abertura do 14º Cine PE, em Recife. Aliás, "brevíssimo" é palavra coerente. Poucas vezes assisti a um trabalho tão corre-corre como este. Se o espectador tem como referência a velocidade de Guel em O Auto da Compadecida e Caramuru, mal pode esperar pelo que ele faz em O Bem Amado. Claro, "velocidade" não é necessariamente ruim, vide as comédias de Howard Hawks ou mesmo os desenhos do Papa-Léguas, para ficar em duas lembranças imediatas.
No caso de O Bem Amado, a coisa é radical. Fica difícil qualquer reflexão a partir do que se tenta assistir na tela. É como se a produção tivesse esticado os rolos de filme numa parede e começado a lançar uma infinidade de facas ou machados ao longo da película: onde o instrumento batesse, um corte. Nisso o filme vai aos trancos, acumulando verticalmente uma série de esquetes tendo por base a peça de Dias Gomes.
O irônico é que O Bem Amado funcionou à perfeição na TV. Muito se acusa Guel Arraes de fazer TV no cinema. Neste caso, se ele tivesse realmente feito isso, teria sido saudável ao filme. Como está, resta não perder o fôlego, esforçar-se para acompanhar cena a cena (machadada a machadada) e rir de alguns momentos brilhantes do texto de Gomes. Aliás, é significativo ao filme que sua graça surja sempre do que é dito, jamais do que é (ou de como é) encenado.
terça-feira, 27 de abril de 2010
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2 comentários:
Marcelo, eu vi a montagem teatral de O bem amado, com o Nanini, há uns 2 anos, no Rio, e, curiosamente, também tive a mesma impressão: é divertida, mas um tanto apressada, com medo de desacelar um pouco que seja e "perder" o espectador. Será que a montagem tem alguma relação com o filme?
Leo, tem tudo a ver. O Nanini comprou os direitos da peça e convidou Guel pra adaptar texto com ele. Foi encenada com direção do Enrique Diaz. Tempos depois, resolveram levar a peça pro cinema seguindo o mesmo tom.
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