sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Edição 32 e 13ª Mostra de Cinema de Tiradentes

Caríssimos,

a equipe Filmes Polvo segue para a sua primeira cobertura do ano: 13ª Mostra de Cinema de Tiradentes e os convida a acompanharem conosco aqui no blog as atualizações diárias e em nossa seção coberturas (aqui) textos e reflexões sobre os filmes e assuntos que passarem por lá.

Confiram também nossa nova edição no ar:

Edição 32 com os textos:

Story Line: Almodóvar 4 em 1

Cinetoscópio: O cinema de artifícios de Martín Mainoli

Fora de Quadro: Dalva & Herivelto – uma canção de amor: gratas surpresas na ingratidão do tempo e Mon Oncli Antoine: pérola da filmografia quebequense (e mundial)

Plano Sequência: Avatar

Raccord: A Nova Geração da Comédia Americana: Judd Apatow e cia. (Parte 1)

Corte Seco: Ervas Daninhas

Contra-Plongée: Atividade Paranormal: cinco apontamentos

Abraços,

Equipe Filmes Polvo

2 comentários:

Adilson Marcelino disse...

Leonardo,
No CineBH li sua crítica sobre o filme do Esmir e achei um equívoco de avaliação - mas não quero parecer desrespeitoso, por favor.
Mas seduzido por seu olhar em outro momentos aqui no Polvo, esperava que revisse o filme agora em Tiradentes para, quem sabe, escevesse nova crítica, mas vejo que, infelizmente, isso não aconteceu.
Concordo quando diz que o diretor corta ângulos que escondem um certo tipo de sujeira, como a cena do chuveiro ou mesmo a da câmera no computador. Mas confesso que muito de minha frustração passa muito mais por um desejo homoerótico de querer ver a cena, do que a "falta de cinema" ali.Pois acho que há cinema sim em Os Famosos...
Discordo quando diz que o filme não quer dizer nada e que aqueles adolescentes também não tem nada a dizer.
A dor da descoberta da homossexualidade na adolescência, e ainda mais em uma cidade como aquela, está perfeitamente colocada no protagonista que quer fugir, tanto quanto no segundo menino que deseja o amigo e guarda, constrangido, uma foto dele.
Estou muito longe daquele universo, tenho 46 anos, mas reconheço perfeitamente a dor naqueles personagens e que está incrustada no filme - e que se reflete na dor da mãe, que perdeu o primeiro "macho" e que, mesmo que diz que quer ter netos, sequer diz isso olhando nos olhos do filho, pois sabe que não poderá contar com esse segundo "macho" também.
Assim como em Morro do Céu, em que o grupo de adolescentes exala testosterona em estado sólido - e assistindo eu ficava me perguntando "onde estão os meninos gays desse lugar", os de Os Famosos exalam um odor dúbio e incerto, pois incerta é a assimilação de seus reais desejos.
Acho que rotular o filme de moderninho e fazer uma digressão a partir disso retira a possibilidade de uma compreensão um pouco mais trabalhosa e que, pela sua capacidade crítica, poderia sinalizar luzes menos opacas.
Um abraço.

leo disse...

adilson, reconheço haver, no projeto cinematográfico de os famosos duendes, todo esse retrato do universo de descoberta daqueles jovens, descoberta da sexualidade, descoberta de si mesmo. no entanto, como bem disse, isso está apenas no projeto, no discurso primeiro, e não necessariamente no filme. o filme, na verdade, teme adentrar esse universo com mais afinco, sem medo. ao contrário, o faz de maneira temeirosa, buscando na concepção modernete da mise-en-scene o esconderijo para todas as falhas do filme. é um filme medroso, e um filme que se sabota o tempo inteiro. ele estabelece o universo, prepara o espectador pra adentrá-lo, mas na hora de desenvolver o que ele tem em mãos, prefere sempre essa opção de esconder aquilo que é sujo, pois o que esmir quer ali (e sempre quis em seus outros filmes) é o limpinho, o burguesinho, o inofensivo. talvez o grande momento dele como cineasta esteja em algumas das cenas de "alguma coisa assim", ali as descobertas são mais verdadeiras, mais sinceras, ao contrário de "os famosos duendes", onde não acredito em nada daquilo que coloca em tela exatamente por tudo me parecer bastante inverossímel, bobo, bossal. não existe um desejo de se ver algo que não está no enquadramento, mas sim uma incapacidade do diretor de lidar com aqueles personagens, de dar a eles uma possibilidade de expressão. não há expressividade nenhuma ali, há um vazio imenso (não falo necessariamente da mise-en-scene, mas do próprio discurso que vai se perdendo, exatamente porque esmir não consegue sustentá-lo). e quando falo discurso, falo não em um sentido político, mas cinematográfico mesmo. temos uma história que o diretor é incapaz de segurá-la: daí, dá-lhe planos constrangedores como o da cãmera a rodar junto ao brinquedo do parque, a poesia barata das luzes do quarto, dos personagens que pronunciam a palavra "cu" como se pronunciassem "bolinha-de-sabão", e não sobram momentos em que bob dylan é a muleta, se não sabe como fazer, taca logo um menino a andar de bicicletas ao som do cantor folk. e se não der certo, há lá outras músicas do músico pra serem usados, em recortes videoclipes que contemplam tudo em sua estética, menos cinema..
de alguma forma, exatamente por saber que não havia muita salvação pro filme, acabei não revendo em tiradentes.

abraço

leo amaral